.

sexta-feira, agosto 28, 2009

IMUTÁVEL

Imutável

“O que não muda está morto”
Beethoven


Não! Não foi a vida que me tirou o encanto,
Não foram as dores de um parto sombrio

Nem o canto triste de um outono distante
Ou o soluçar buliçoso de um mar bravio

Caos! desperta-me deste sonho aflito

- largo oceano, impávido, marmóreo -
Cinzas frias, outrora um incensório

A inflamar quimeras neste século maldito?

Carnes pútrefas que uma gleba rubra ansia
Já triste, a descer à sepultura inerme,
Herança - imutável coorte de mistério ...

Mordo a rocha, resvalo o véu do tempo
mas no sudário mais precípuo ‘inda ostento
A negra cara atroz de um cemitério!

Dihelson Mendonça, 19-03-2005








(gravura que ilustra a postagem: Saturno devorando seus filhos, de Francisco José de Goya y Lucientes (Fuendetodos, Saragoça, Espanha, 30 de março de 1746 - † Bordéus, França, 15 de abril de 1828), pintor e gravador espanhol.

Princípio da Incerteza



Princípio da Incerteza
( Dedicado a Goethe, pelo aniversário de seu nascimento )

De que adianta toda a criatividade à cobertura de um pão que já não contém o miolo ?
De que adianta toda a ética da retórica, se a ação resultante é nula e impotente ante a vastidão do universo? Vã é toda fé do espírito que não se baseia em uma profunda incerteza e dúvidas ante todas as coisas, assim como é preciso ser profundamente fervoroso para se tornar um cético ou um cínico.

...mas assim é o mundo tal qual o conhecemos; Viver por entre abismos fugazes de incertezas, em clarões de memória e esquecimento, onde nada é firme, nada é permanentemente acessível todo o tempo, e tudo é tão assaz corruptível. É da incerteza que vivemos! Não de méritos da alma nem do corpo. E pomos as cinzas arrogantes da consciência de todas as virtudes e do que poderia ser a nossa existência nesses breves lampejos de "insight" e "verdade", buscando como cegos buscariam, vagalumes em noites sem lua em um planeta desabitado.

Melhor seria pois, viver na escuridão de um esquecimento, sem vagalumes, sem luas, ou vagando em círculos pela eternidade, eis que breve é o tempo, fugaz é a lembrança e pálidas são todas as virtudes humanas! Mas quem assim o realiza ? Quantos de nós? Ahh... Perfeita é a ventura de viver sem temer aquilo que fingimos não ser, a fim de nos tornarmos aquilo que verdadeiramente já o somos de fato. E o resto ? O resto são apenas cinzas lançadas no vendaval do tempo e da história !

Dihelson Mendonça

Pensamento

"Minha melhor oração, é quando desejo que a minha tolice de amanhã seja menor que a minha tolice de hoje"

Dihelson Mendonça

Pensamento

"É impossível considerar-se feliz tendo plena consciência da condição humana, a não ser pela loucura ou pela Arte"

Dihelson Mendonça

Um Pensamento

"Se queres realmente ferir alguém em profundidade, basta que lhe mostre um espelho. Poucas pessoas conseguem suportar saber o que realmente são."

Dihelson Mendonça

Pensamento

"Muitas vezes, os nossos inimigos são os nossos maiores benfeitores. E o que seria de Pompéia e Herculano se não fosse o Vesúvio ?"

Dihelson Mendonça

A Moça da Livraria - Dedicada a Carlos Rafael



[ Dedicado a Carlos Rafael ]

Enquanto passam diante de mim todas os gênios,
entro porta adentro e contemplo o inevitável. Meu deus!!

E nem era o mar ainda. Era só música!
mas seu olhar deslizava como a espuma por entre os rochedos íngremes do pleno conhecimento das prateleiras. A madrugada lhe era definitiva, assim como todas as impossibilidades
do meu desejo humano, sempre distorcido pelo infinito e pelo idealismo. Bem sei!

E não era também a noite
mas levava consigo os mistérios de todas as sombras
debaixo do braço; De todos os ensaios, de todas as teorias já escritas...
E contidas num vaso encolhido, de forma elipsoidal, todas as emoçoes deste mundo me aguardavam. Eu e meus desertos incrivelmente particulares.
Eu, que sou todo deserto de lágrimas fossilizadas

Ah! quem dera ficar louco nesse instante!
de perder por um só momento que seja, a razão, a um bom motivo que fosse...
mas não! entre a possibilidade daquilo que me restou, e a possibilidade dos universos errantes, de uma existência podre e mesquinha, há barreiras imaginárias e intransponíveis, como caiaques em meio à correnteza

Fiquei velho sem o notar!

Já não creio que possa escalar assim minhas próprias montanhas. Sou todo medo e entulho e vermes E as cantigas das virgens que imaginei nunca me pertenceram e as lembranças imortais nunca aconteceram em quartos sombrios. E os heroísmos dos meus gigantes emudeceram
Sou apenas mais um tolo entre tantos no mundo. Mas quisera apenas metade da vida a ser meio gênio. E quisera todo o gênio e todo o mundo ao mesmo tempo. Sou um mudo que fala, mas não tenho um mundo, afinal, nem nunca o tive.

Que nojo de ser eu mesmo!

Estou terrivelmente só e mesmo assim, sinto todo o universo de bocas gritantes dentro de mim
em hurros alucinantes e ensurdecedores. Já não ouço a minha própria voz dentre tantas que já li e ouvi. Nós, que somos desertos humanos, somos muitas poças de gente errante; Grandes turbilhões de universos díspares de cores, de almas e de conhecimentos flutuantes

E sendoassim tão humanos, e capazes de amar, erramos. E sendo incapazes de amar e de errar, erramos mais ainda! Passa-se o tempo e os meus méritos desceram grotas adentro. Vão-se pelos ares todas as minhas asas e meus diminutos canhões de cera. Explodiram-se meus porões, rasgaram-se as minhas velas e restou-me apenas um naufrágio humano. Não um náufrago, mas um naufrágio completo. Visto-me de seda, de todas as matizes do oriente que as famílias reais ostentam. Mas nada pode consolar aquele que nunca perdeu nada, apenas aquele que há de perder, como a angústia de todo aquele que vive entre dois mundos. E não há dor maior no sofrer do que conquistar tudo aquilo que se deseja...

Eis que passa novamente
Vai pela ala esquerda e segue em frente
olho-a de cima abaixo sem que meus sentidos a percebam
desejando-a apenas pela impessoalidade de um livro estranho
será mortal ? e o seu perfume paira no ar e enche a livraria
E eu vejo canhões de flores amarelas de outono...

Mas não mais a vejo. Saiu ? não creio. Será ?
Perdi ? Corro...corro...corro...corro...
Leibnitz, Kant, Baudelaire, Verlaine passam velozmente por mim
sem me dar conselhos nem lições de filosofia
- Nestas horas sinto impotentes todas as sofias e os logismos. -

Desespero!

Chego a pensar se foi sonho
meus ombros já caem novamente
sento-me assim, inseguro, nó na garganta, e olhar cravado no infinito...
A idade cai-me como luva, como um edifício nas costas
Já não sou mais Don Ruan nem Don Quixote, o galante cavaleiro das livrarias
Creio que a perdi para sempre...
...
Mas abre-se a porta inesperada
e de repente, a sala brilha toda e contemplo a eternidade
nossos olhos se cruzam e eu vejo o infinito
de todos os mundos possíveis e do que poderia ter sido e não foi um só momento
Já não vejo o tempo, guardião das insônias,
Já não temo o desconhecido, nem o sofrer de todo o ser vivente
Pois nesse momento ela sorriu pra mim, e o mundo não é mais que uma bela música!


Dihelson Mendonça

A Arte e seus Mecanismos Dinâmicos - Por: Dihelson Mendonça

Acima: Wilson Bernardo, artista contestador de conceitos


A despeito das considerações sobre o inovador papel da arte e suas inúmeras manifestações, resolvi escrever esse pequeno texto mais em defêsa do poder da inovação, em oposição a estaticidade de uma fotografia morta na parede de um sótão sujo.

Em face de algumas fotos apresentadas pelo fotógrafo Cratense Wilson Bernardo ( ou o objeto em si, ou a fotografia ), tomados como obras de arte, houve questionamento importante e pertinente em uma comparação do contestador Maurício Tavares ( ainda que sem o desejar ), ao urinol de Duchamp, ou outros objetos da Pop Art. Em tese, e pela história vivida no blog Cariricult, não sou de concordar com os conceitos do Maurício e temos lá as nossas discordâncias, mas reconheço que ele está bastante correto na sua última colocação acerca do "bigode da Mona Lisa", e devemos reconhecer que o processo da ARTE ( em maiúsculo ), é um processo dinâmico, de rupturas de conceitos ou a aglutinação dos mesmos. E quem for acrescentar um urinol ao museu hoje, bem como fazer uma foto da latinha de sopa Campbell´s passará ridículo, pois isso já foi feito.

Porém, reconhecer o dinamicismo em arte é uma coisa, e questionar ou criticar a arte de alguém, é outra coisa. A visão do artista, enquanto o agente que produz arte, pode ser muito diferente daquele que apenas aprecia, do crítico, e não se pode desmerecer alguém por exemplo, por mesmo hoje, compor uma Fuga a 4 vozes aos moldes de Bach, pois há outros fatores a se considerar além do deslocamento temporal. E não digo isso como espécie de defêsa do tradicionalismo, é bom que fique claro. Mesmo em música, essas características são também marcantes. Falou-se em Rolling Stones agora há pouco...

Shostakovich, que é um dos grandes representantes da escola russa modernista do século XX, compôs um conjunto de fugas magníficas, inspiradas no Cravo Bem-Temperado, mas o uso das dissonâncias e intervalos exóticos conferiu-lhe, mesmo dentro das normas rígidas de uma fuga, e que, consequentemente, poderia ser considerado ultrapassado para a maioria dos seus contemporâneos, acrescentou valores que outros não perceberam. Da mesma forma, quando Chaeffer abriu as portas do multi-serialismo, na segunda metade do século XX, se consolidou, assim, como as vertentes originárias de Schoenberg ( e talvez Webern ), nos dois pilares fundamentais da música contemporânea, tendo como linha sucessória, Messiaen, que lançou as bases do que viria a ser o uso da síntese sonora empregada à composição musical, e com isso, influenciando Xenákis no tratamento formal. Esse processo contínuo de evolução da arte musical, deu-se portanto, mais como resultado da deposição de camadas superiores de valores agregados, do que por uma ruptura com os modelos anteriores.

Nem Boulez, com toda a sua pompa e circunstance, que causou aquele alvoroço todo na primeira metade do século XX, influenciando o mundo inteiro, por um lado tomando a tocha que pertencia a Stravinsky, e por outro, como um vândalo, destruindo conceitualismos até de representantes da sua própria escola, ( que se rebelaria mais tarde ), pode ser hoje mais objeto de tanto espanto, ainda que alguns o creditem valores artísticos que eu ( IMHO ), não reconheço na sua obra.

Por outro lado, enquanto a europa vivia a ebulição do pós-modernismo, nunca se livrou totalmente das correntes impressionistas e conservadoras de uma Belle Epoque em chamas, de um Mallarmé, de um Claude Debussy, que são amiúde, os verdadeiros "modernistas", em qualquer caso. Aqueles que antes de Boulez, de Stravinsky, ou de Webern, já profetizaram a sonoridade do que viria a seguir, como o serialismo integral, o atonalismo, e o dodecafonismo.

Enquanto isso, o mundo evoluía por outros lados ( Ou Involuía, termo que eu proponho ), com Beatles, Sopas Campbell´s, Rolling Stones, Cage, andy-warhol e sua cultura de massa, que à luz da modernidade, já soam como dinossauros no Louvre. Movimentos paralelos ?

O mundo não parou, e se em termos tecnológicos podemos usar a palavra convergência para definir os novos rumos, nas artes, penso que a tendência é exatamente o contrário: o fenômeno da divergência, da globalização e da pluralidade que todo esse caldeirão e o compartilhamento das aldeias globais nos proporcionou.

E aqui abro um parêntesis para alertar sobre o perigo que incorrem alguns quando do uso desses novos "artifícios tecnológicos" na arte, sobretudo em relação à perda de identidade, um fator tão intrínseco para definir o caráter artístico de uma obra. É o caso, por exemplo, que eu pude comprovar no topo da Chapada do Araripe, ao ver um grupo de garotos catadores de pequi tocando com uma bandinha de latas, músicas de Michael Jackson. Incoerência ?

E o que seria incoerência na arte contemporânea, afinal, diante do acima exposto da sobreposição das inúmeras escolas, similitudes e apropriações de conceitos ?

Voltemos ao caso da foto do ovo prestes a ser esmagado por uma prensa, de Wilson Bernardo.

Talvez ele não seja nenhum Duchamp, nenhum Warhol, mas com certeza, assim como Wilson, John Cage ao criar a sua famosa "4 minutos e 33 segundos", ou quando Stravinsky lançou a Sagração da primavera para um público que precisou de lanternas para sair do teatro, causou igual repulsa na Arte, que tem sempre a propriedade da contestação de valores anteriores. Uma repulsa que com o passar dos anos se tornou o estrondoso "pilar da modernidade".

Portanto, vida longa à pluralidade contextual, seja pela contestação ou pela agregação de valores. Já percebeu-se que nem de um nem de outro sobrevive a Arte Real. Aplausos aos "experimentalismos" daqueles que produzem. E o futuro, como afinal, tudo em arte, há de julgar os meritos e os deméritos daqueles que imbuídos do inevitável "talento", produzam obras para a eternidade.

De onde eu vejo, todos os contendores têm razão.
E a Arte, sempre será dinâmica, e mais arte se torna pela contestação, pelos questionamentos e pela quebra de paradigmas. Quem sabe, não estaremos diante de um "New Duchamp" ? O tempo dirá...

Acima: "ovo sendo esmagado" - Wilson Bernardo

Dihelson Mendonça

O Fotógrafo que virou Pianista e o Pianista, Fotógrafo !


Durante o ensaio fotográfico que fiz para o meu CD, pelo fotógrafo Pachelly Jamacaru, os papéis se inverteram por poucos instantes. Ao tentar demonstrar algumas posições possíveis, o grande mestre da fotografia deixou-se ser fotografado por mim, que rapidamente fiz esse ensaio, que agora repasso como uma singela homenagem ao grande Pachelly Jamacaru, que pelas poses, até que seria um ótimo pianista... ( se a foto não sair completa nesse Blog, clique em cada foto para vê-la completa, ou acesse o Blog do Crato ).

Pachelly como pianista 2

O fotógrafo senta-se ao piano e é fotografado...

Pachelly como pianista 3

Demonstra posições como aquele que verdadeiramente nos toca o coração...

Pachelly pianista

Vive a sua música...

Pachelly como pianista 1

E aguarda pacientemente, sem saber que é de fato, o centro do espetáculo...

Pachelly Pianista c

Versão em P&B


Fotos: Dihelson Mendonça

O Homem Medíocre e o Herói - Por: Dihelson Mendonça



"A Mediocridade não admite heróis nem heroísmos. O homem medíocre confina-se a seu tempo e à sua pequenez. Reconhecer os méritos superiores daqueles que ousaram ir mais longe exigiria-lhes uma altivez e nobreza que lhes falta, assim como carece de valor todo o falso ouro."

Dihelson Mendonça

Já nas Lojas - CD - "A Busca da Perfeição" de Dihelson Mendonça



O tão aguardado CD intitulado "A Busca da Perfeição", do pianista e compositor Cratense Dihelson Mendonça já se encontra à disposição na loja AMILTON SOM, em Crato. O trabalho, que foi totalmente patrocinado pelo Banco do Nordeste do Brasil ( BNB ), consiste em um livro fotográfico em papel especial para fotografia, de mais de 100 páginas, e de um CD com 34 faixas. Foi elaborado entre 2007 e 2009, e conta com a participação de mais de 30 escritores e poetas da região do Cariri. O Livro é ilustrado com as incríveis fotografias de Pachelly Jamacaru, além de fotos feitas pelo próprio autor. A Arte por computador é de Reginaldo Farias, considerado pela crítica, um dos maiores artistas gráficos do Nordeste na atualidade. O CD consiste em faixas musicais, poemas, sons da natureza e falas, que foram musicalizadas com maestria pelo pianista Dihelson Mendonça, que trata nesta obra, dos grandes questionamentos da existência humana.

Um trabalho para Ler, Ver e Ouvir !

Disponibilidade: Em AMILTON SOM - Crato - CE
Ou diretamente com o Autor, para envio pelos correios para todo o Brasil.
Contatos: Dihelson Mendonça - 088-3523-2272 ( recados ) ou pelo e-mail:

blogdocrato@hotmail.com


Mensagem aos Participantes do CD:

O.B.S - Como forma de meu profundo agradecimento aos participantes deste trabalho, que é compartilhado, gostaria de frisar que todos os que contribuiram com seus textos, poemas e gravações, já têm reservado o seu(s) exemplar(es), bastando informar pelo e-mail acima, o endereço para correspondência, a fim de receberem totalmente grátis e autografado, exemplar do Livro e do CD em embalagem especial. Posteriormente, farei lista de todos os participantes, para que possam me enviar seus endereços, ou vir pegar aqui em casa, se o desejarem.

Dihelson Mendonça

Quando Nasci, Havia a América ! - Por: Dihelson Mendonça




I Still Have a Dream !


Quando eu nasci, havia a América!

Morava sem saber, nos Estados Unidos do Brazil, um local onde de tanto assistir TV e filmes americanos, eu raciocinava que os Estados Unidos faziam parte do Brasil, ou vice-versa, e sentia o peito erguido de patriotismo quando via aqueles bravos soldados americanos lutando contra as forças do mal.

Na verdade, aprendemos a amar a America, Roy Roggers, John Wayne, Capitão América, Superhomem, Sinatra, Simon & Garfunkel, Jimmy Hendrix... os Waltons são parte da minha família ( Boa noite, James, boa noite Elisabeth, boa noite John ). O velho oeste era aqui no Brasil, junto com lampião na caatinga nordestina. Lampião ouvia Jazz e tocava Banjo. Na Broadway tocava Carmem Miranda e as canções de Cole Porter e Gershwin. Cresci acreditando no sonho americano: I HAVE A DREAM !

Woodstock era nosso sonho de liberdade em calças bocas-de-sino. Graças américa! Ponte do Brooklyn, ponte de San Francisco, Golden Gate, queria jogar mesmo no Desert inn de Las Vegas. Queria percorrer meu país pela ROUTE 66, até chegar no Rio de Janeiro. Queria ver Lennon e McCartney, meus ídolos da juventude descerem do avião, I have a Dream !

Com a mão erguida e a outra no coração, entoar:
"What america means to me..." e sentir que "nossa" ida ao Vietnã não foi em vão, como pregam nossos detratores. Lutar contra esse homem barbudo de uma pequena ilha do caribe, lançar nossos mísseis contra a União Soviética. Que a nossa bandeira listrada de listrinhas e losango verde-amarelado não tenha se esfarrapado em vão no topo de Iwo Jima, e que nossos destróiers destruídos em Pearl Harbour possam clamar por vingança de todos os nossos bravos homens como o Patton, Eisenhower e Douglas McCarthur que defenderam a "nossa" honra juntamente com Vargas e Collor de Mello. I have a dream !

Que tomemos de assalto a nossa capital Washington e dancemos dentro das águas do obelisco à washinton, de frente ao capitólio em Brasília, ouvindo a guitarra de Hendrix tocar o hino americano. Colocar fitas em torno da cabeça e fumar maconha no gramado da praça dos três poderes, e transar na frente da Casa Branca para dizer que somos nacionalistas ao som da "era de Aquarius". Sair de Oklahoma city em meu Ford conversível, fumando Camel para Nashville para assistir Kenny Roggers fazer parceria com Raul Seixas. Que eu possa hastear todos os dias em nosso gramado, a nossa bandeira que um dia simbolizará um mundo perfeito. I have a dream !

Que a nossa NASA, ao lançar outro Saturno V da barreira do inferno em Natal, possa levar nosso sonho americano às estrelas, pisando na lua e cravando nossa bandeira para que todos vejam nosso brilho nos confins do universo através da Enterprise de Jornada nas Estrelas. "A small step for man, a giant leap for mankind"... Que o docinho Marylin Monroe cante ao Mr. President bêbada a sua elegia pela bala que atravessará seu crânio no texas, lugar quente e desolado, bem ali, pertinho dos Inhamuns.

Que a pátria amada, idolatrada Salve Salve possa significar sempre a luta de nossos negros, Luther King, Malcolm X e Denzel Washington contra os branquelos de peito rosado, estilo schwarzenegger e que a Ku Klux Klan não atrapalhe a luta do General Rondon, grande desbravador do Arizona, que chegou com os primeiros colonizadores, vindo do leste para a Califórnia no Ciclo do Couro e do ouro de McKenna...I have a dream!






Esse é meu Brazil, cuja estátua da liberdade, presenteada por nossos irmãos franceses, resplandece altiva na baía de guanabara, às margens do Rio Hudson, bem ali ao lado do Cristo Redentor. Terra da riqueza e da esperança de dias melhores, onde nossos irmãos europeus foram desmoralizados na ilha de Ellis, antes de desenbarcar em Manhattan, onde meu velho Tio Sam, irmão de Avô Ray, que veio de Nova Olinda, pertinho de Nova York, me ensinou o lema: "BraZil, ame-o ou deixe-o", "America, love it, or leave it". Esse é meu Brasil americano, onde nossos soldados patrulham as nossas fronteiras da amazônia contra o eixo do mal. Esse é o Brazil Brasileiro, cheio de sonho e de pandeiro, onde há coqueiros que dão coco, e não banana, pois as bananas... ah! Yes, nós temos bananas! e onde o Tio Sam quer conhecer a nossa batucada e comer chiclete com banana.

Quero me exaltar e chorar de emoção ao ver a face de nosso ex-presidente Lincoln esculpida nas montanhas rochosas de Utah, ali petinho do dedo de deus, e quero sentir o patriotismo dos confederados, dos sulistas da guerra de secessão, e ver que Lincoln tinha razão. "Essa é uma grande nação...", moldada no princípio de grandes homens como Kennedy, Bob, John, ... que traçaram nosso futuro. Homens que aliados a kubitschek construíram o sonho dos americanos. Homens que financiaram a construção da Rede Globo e seu império vinda do grupo TimeLife. I have a dream !

Quero me exaltar ouvindo Sinatra cantar para nossos soldados em combate junto com Emilinha Borba e participar do Sinatra-Farney Fã Clube. Quero ouvir Dick Farney cantar em português e Nat King Cole cantar "Eu tinha uma andorinha que me fugiu da gaiola" sem sotaque. Quero ver novamente o Tom Jobim fazer parceria com Sinatra no Carnegie Hall e ouvir o belo sax de Stan Getz em Girl from Ipanema, o mais braSileiro dos braZileiros, numa música brasileira que ressalta o "American way of life". I have a dream !

Quero dançar o blues de Luiz Gonzaga, negro reluzente, que morava ali em Exu, às margens do Mississipi em Chamas, junto com a rabeca do Cego Aderaldo e Cego Oliveira tocando em dueto no Radio Music City Hall, tocando "South american way" para sair no acetato da CBS, NBC, RCA Victor ou não, com o pandeiro do Jackson, e o banjo da encruzilhada. Aquela sanfona branca como a paz que tanto ansiamos, depois de derrotarmos os vietcongues, os Islamitas, os Soviéticos, os Iranianos, os Iraqueanos, os Cubanos, e tantos outros povos...

Quero me deliciar vendo que a lei seca foi revogada e que não mais haverá depressão nesse país, e que Al Capone foi prêso e Edgar Hoover - Esse grande benfeitor - juntamente com o senador Joseph McCarthy conseguiu prender Lee Oswald por ter atirado em John Lennon em plena 5a. avenida no mês de maio, próximo à Macy´s ... ao som do coro angelical do profeta Joseph Smith e o retrato de Dorian Gray, que veio revelar os santos dos últimos dias em Salt lake City... I have a dream!

Quero enfim, que o nosso país reine "soberanamente", elevando-se ao mundo, e que embora deitado eternamente em berço esplêndido, ao som do mar e a luz do céu profundo, com estrelas e listras, possamos um dia acordar, olhar para nosso jardim, olhar para trás e ver que o sonho de Luther King para um Brazil melhor, sem discriminação, e o sonho de Kennedy não valeu o suicídio de Getúlio. Ver que desde o Grand Teton em Montana aos confins do sertão de Sobral, passando pelo verde vale do cariri, onde a verdadeira Águia americana de peito branco sobrevoa impávida as pradarias, onde todos formamos um único povo, uma só nação, movidas por um só ideal, um só governo, um só "way of life", uma só mídia, um só partido, uma só moeda, uma só música, uma só cultura, um só ideal:

"America, the Beautiful"

Viva os Estados Unidos do BraZil

Porra, nunca fomos colonizados ???

( Dedicado a Martin Luther King - que não teve nada a ver com essa merda toda )

Por: Dihelson Mendonça
Fotos: Fonte: Yahoo Imagens

A Interpretação Freudiana da Festa do "Pau da Bandeira" em Barbalha




Segundo Sigmund Freud, o grande médico austríaco e criador da Psicanálise, ao realizar seus estudos sobre a Psiqué humana e a etiologia das neuroses, pôde constatar que certos atos até então considerados "normais" e inseridos na tradição dos povos, era na realidade, atos de expiação por "delitos" reais ou imaginários desses povos. Assim é que em várias culturas, determinados tipos de comportamento não eram permitidos, por despertar a "ira dos deuses", e portanto, trazer desgraça aos povos. Com o tempo, uma grande quantidade de crendices e atos conjuratórios passou a fazer parte do que Freud acabou definindo como "uma neurose obsessiva e compulsiva universal", para caracterizar diversas religiões, ampliando assim a atuação dos sintomas clássicos de uma neurose obsessiva e compulsiva, no qual, o paciente para livrar-se de algo pior, passa a executar diversos pequenos atos aparentemente sem maior significado prático, mas com grande significado para o paciente, que acredita piamente que se não os fizer, poderá atrair para si coisas terríveis. Assim nascem as superstições e as crendices, segundo a psicanálise.

Um dos grandes méritos da Psicanálise enquanto ciência que estuda a psiqué, foi descobrir o caráter sexual implícito em muitos atos humanos, disfarçados em coisas aparentemente banais. Iniciados por Freud com o clássico estudo da interpretação dos Sonhos, um de seus trabalhos mais famosos, a constatação de toda uma simbologia que denota claramente uma tendência à sexualidade como explicação aos atos humanos foi-lhe muito evidente. Freud chega a afirmar que nos sonhos, uma grande quantidade de cenas e objetos, descritos por ele como "objetos oníricos", podem ser reconhecidos como objetos fálicos e diversos atos aparentemente normais tomariam o aspecto do próprio coito. É a forma que a mente se utiliza para reprimir os desejos proibidos pela sociedade, ou por uma instância psíquica conhecida por "Superego" do indivíduo, que é formado na infância pela introjeção dos pais ( e que alguns chamam de Consciência ), com o conjunto de leis, normas de conduta e ética para a construção de uma sociedade que reprime determinados tipos de comportamento. Assim, reprimidos durante a vigília, é que o indivíduo os ativa em sua forma onírica, disfarçando-o em simbologias. Freud, muito acertadamente apercebeu-se disto ao examinar diversos pacientes neuróticos, e curando-os da dura crítica de seus superegos; Passou a analisar o próprio comportamento obsessivo e compulsivo da humanidade, ao escrever obras tais como "Totem e Tabu", "O Mal-estar na civilização" e "Moisés e o Monoteísmo". Nessas obras, o genial médico austríaco consegue fornecer visões jamais imaginadas pela história sobre a explicação de muitos comportamentos coletivos.

Seguindo a linha de raciocínio de Sigmund Freud, e toda a Psicanálise, não é tão difícil analisar certas tradições, como a festa do Pau da Bandeira, que acontece todos os anos na cidade de Barbalha-CE, em que em determinado dia do ano, apenas os homens saem para a floresta ( numa atitude sorrateira, que se pode caracterizar como uma forma furtiva de busca do meio de acasalamento, início de namoro em busca da prêsa, da caça, ou melhor, da virgem ), a fim de cortarem uma imensa árvore que é assim chamado de "O pau da Bandeira" ( o próprio símbolo fálico ), a fim de trazê-lo para o centro da cidade, envolto em bebedeiras, e cantando vitórias, onde por alguns dias esse mastro é mantido ali, de forma ereta, viril, para impressionar, e supostamente serve de mastro para a bandeira da festa ( em outras culturas, isso seria o equivalente ao ato de renovar os ciclos vitais, e louvar a fertilidade ).

Ora, o próprio santo homenageado pela festa é o Santo Antônio, conhecido como o Santo casamenteiro, pois há a crença de que esse santo teria a propriedade de propiciar o casamento ( novamente a idéia de fertilidade e procriação ). Algumas mulheres acreditam que se tocar no "pau da bandeira" seus desejos de casamento poderão se tornar realidade. E aqui fazemos a constatação do poderoso simbolismo sexual que existe nesse mastro, pois, venerado pela multidão, acaba se tornando o elemento mais importante da festa, mais até do que o próprio santo homenageado. Na verdade, as pessoas veneram aquilo que vêem, veneram o mastro ereto. Os homens o veneram como símbolo da virilidade, e por isso mesmo, cada um se esforça em demonstrar a sua masculinidade e força ao trazer para a cidade o melhor mastro disponível, provando aos seus companheiros que é viril e forte, rivalizando com eles, e por outro lado, as mulheres o veneram pelo fato de que ele ( o mastro ), representar os seus desejos mais íntimos e reprimidos por uma sociedade ainda conservadora, que crê no casamento como a única solução possível e permitida para a execução sem pecado do coito. Assim, como em todas as eras da humanidade, as idéias de exibição de força ao sexo feminino, demonstrando a virilidade, o simbolismo da fertilidade, a veneração a objetos considerados sagrados e a expiação por atos considerados pecaminosos e auto-flagelação continuam íntimamente relacionados e omnipresentes. É como se retrocedêssemos à idade média, onde os casos de auto-flagelação para a expiação dos pecados e aobtenção do perdão divino eram atos práticos absolutamente normais e até incentivados como explicação para as tragédias pessoais, geralmente atribuídas a algum pensamento erótico ou ato em que o autor desejava reprimir ou havia cometido.

Sendo assim, vemos em Barbalha, à luz dos ensinamentos deixados por Sigmund Freud, um verdadeiro banquete para a Psicanálise, onde ali, encontram-se todos os elementos que justificam a repressão subconsciente e muitas vezes até consciente de uma sociedade baseada em tradições que reprimem a sexualidade do indivíduo, e escolhe uma época para a sempre dualidade: A orgia e a Expiação pelos atos. Como qualquer festa religiosa, ao mesmo tempo em que há um lado considerado "sagrado", há outro lado "profano", como o próprio carnaval do Brasil, que significa "O Vale da Carne", época de liberação, em que em seguida, após toda a orgia nababesca, vem o quê ? A quarta-feira de cinzas, dia especial onde muitos que participaram das bebedeiras e orgias do carnaval vão ORAR, a fim de expiar os "pecados", e onde inicia-se um período de vigília denominado Quaresma, onde até então, era considerado pecado se comer carne ( CARNEaval = carnaval ), então, após o vale da carne, há o período da expiação.

Em Barbalha, a simbologia não é diferente, apenas mudam os símbolos, de festa para festa. A celebração da fertilidade, todos os anos pela retirada de mais uma árvore da floresta ( que bem poderia ser o mesmo mastro, mas aí quebraria todo o simbolismo sexual envolvido no ritual da fertilidade e virilidade ).

Concluindo: Essas tradições de expiação encontram-se tão arraigadas no comportamento das sociedades humanas, que é quase impossível aos olhos desatentos e despojados da manta de crenças e crendices e rituais colecionados pelos povos, perceberem o que de fato o são:

Espetáculos coletivos ( teatro ), de celebração da fertilidade, derivados do homem primitivo e de uma sociedade totêmica, exteriorização de desejos sexuais reprimidos, quer pelo coletivo, quer pela força da repressão mental, e a consequente expiação anual de atos considerados pecaminosos; E como toda festa religiosa, ao final, um representante do grande "pai que está nos céus" os perdoa, a fim de que possam passar mais um ano executando os atos que lhes são próprios dos seus instintos mais primitivos e básicos, normais, pilares de qualquer socidade, mas reprimidos para manifestação pública durante as outras épocas do ano.

E vemos assim que o velho Sigmund Freud mais uma vez tinha razão, quando acertadamente demonstra a sexualidade implícita através da interpretação de muitos dos rituais humanos, mas somente são capazes de aceitá-los ou compreendê-los, aqueles que possuem os olhos e a mente abertos à verdadeira interpretação dos comportamentos humanos mais íntimos, mas ao mesmo tempo, tão explícitos.

Por: Dihelson Mendonça

BlogPoem - Monólogo VIII - Dihelson Mendonça



Monólogo VIII

Dedicado à Luiz C. Salatiel

O Eu, aquele que fala contigo,
não é mais o eu que dentro de mim reside
porque a essência daquilo que me revelo,
não releva a minha própria existência...

Já não sou mais o gigante impune que assombrava
as planícies de um coração morno e terno,
nem tenho as pálpebras cerradas à dor da monotonia

Dias vulgares...
Me tornei íngreme!
Tão terrivelmente íngreme!
Como uma montanha de cacos de vidro
Estilhaçados por tantos sonhos malfadados

Não sei. Não fui.
Não Sou. Serei ?

Ah!
Vida, mar de lama belo... azul e âmbar,
Que me deixou assim, para ser
Tão terrivelmente homem...
...
Tão incrivelmente mortal !



* * *
Agosto/2007

(gravura que ilustra a postagem: imagem do filme:
Goya in Bordeaux - Sony Pictures )

A Fogueira dos nossos Sonhos - Por: Dihelson Mendonça


Acreditei numa Mentira por 25 Anos...


Meus pais me ensinaram grandes valores. Ensinaram-me a ser uma pessoa honesta, batalhar com o suor do meu rosto pelas coisas em que eu acreditava. Meu pai ensinou-me o trabalho, o estudo e o patriotismo. Amar o meu País. Servir à minha Pátria de todas as formas. Foram longos anos de estudo, de luta e de formação de conceitos. Pertenço a uma geração que teve que conviver com soldados no poder, e crer não neles, mas em pelo menos uma coisa que rezava na sua cartilha: A de que o meu país é o meu lar. E de que eu tenho que ser fiel à minha Pátria, honrá-la e respeitá-la. Vivi em tempos de uma ditadura militar, de perigosos anos 70, quando não se podia falar a palavra "comunista" porque poderia ser prêso no Brasil. Já no fim da década, começaram a surgir movimentos para tentar livrar o povo Brasileiro do jugo daqueles a quem todos considerávamos "criminosos", que um dia promoveram o infame AI-5. Surgiu o Partido dos Trabalhadores. Na época, pensei: "Que maravilhoso! Um partido feito por aqueles que trabalham, que realmente constróem o Brasil, que dão o seu suor para sustentar a pátria querida!" . A cada dia, o partido se agigantava e eu me espelhava naquelas pessoas que caminhavam com bandeiras vermelhas, simbolizando o sangue, líamos livros estranhos que falavam em Lenin, Chê Guevara, adorávamos Guevara e tínhamos posters de "Hay que endurecer-se sin perder la Ternura jamás" nas paredes sem mesmo nunca tê-lo visto. Honrávamos as barbas do revolucionário Fidel Castro, dentre tantas coisas. Éramos jovens e puros.

Vieram várias campanhas, dentre as principais, a das "DIRETAS JÁ". Todos juntos, oposição reunida. Lutamos com o coração, ainda que sem pisar como muitos, nos gramados do Congresso Nacional, torcendo debaixo de uma bandeira sob a chuva, que simbolizava o fim de uma era de terror para o Brasil. O Fim de assassinatos, aguardando por "tanta gente que partiu num rabo de foguete", exilados ou auto-exilados por tentar defender as liberdades e garantias individuais do nosso humilhado povo.

E como vibrávamos naquela manhã ! Sentíamos na alma de Brasileiros o doce calor dos novos tempos, dos rostos de cara pintada, dos jovens que éramos, ingênuos, muitas vezes, acreditando e tentando acreditar que nossa pátria estaria finalmente livres de toda a corrupção que nela havia. Veio a morte de Tancredo Neves, que era a esperança para muitos de um Brasil decente. Como nos causou comoção, ver a repórter Glória Maria, em edição extraordinária na TV Globo anunciar que finalmente, Tancredo Neves estava morto!

E ao longo do tempo, os nossos partidos de esquerda ganharam espaço e simpatia no coração do povo Brasileiro. Não de todos. Alguns, surgidos talvez das velhas práticas da antiga ARENA - Aliança renovadora Nacional, se transformaram em PDS, PFL, etc. Esses tais depois pularam de partidos, assumiram a gerência da nação Brasileira, e começamos a ficar desapontados com os novos rumos que o nosso país tomava: Inflação descontrolada, Corrupção descontrolada, escândalos de toda espécie eram comentados nos bastidores, sempre denunciados por nossos partidos de esquerda, como o Partido dos Trabalhadores, o PT, que muito lutamos para que crescesse, ostentando o brasão da ética, da moral e da verdade para o Povo Brasileiro.

Batalhamos muito para que um dia pudéssemos nos livrar das "elites" que dominaram o Brasil desde as já tão longe "diretas já". Após os últimos Presidentes do regime militar, um deles, o João Batista de Figueiredo, que era dado a gostar de cavalos, eram sempre apoiados pela TV Globo, que promovia espetáculos para iludir o povo do Brasil, chegando até a mostrar reportagens sobre cavalos, que o presidente deveria apreciar bastante... Depois, vieram Presidentes estranhos, como SARNEY, ...um cara que usava um topete ridúculo e paquerador, por nome ITAMAR FRANCO, e depois um episódio inédito na política brasileira: Um outro que veio das Alagoas, por nome Collor de Melo, falando de forma enfática, como Hitler, olhando nos olhos, sem titubear, conseguiu nos iludir mais uma vez. O candidato do PT, o nosso Lula, disputou eleição com o Collor, mas perdeu. Entramos pelo cano mais uma vez. Deixamos de acreditar nas "propostas de um trabalhador que veio do Nordeste num pau-de-arara, gente humilde que desde os anos 80 trazia o estandarte da luta contra a corrupção", para acreditarmos na retórica brilhante de um Collor.

Passado algum tempo, vimos que fizemos péssima escolha. O Homem Colorido era um tremendo vigarista. Foi preciso muito esforço e uma campanha de Impeachment envolvendo todo o povo brasileiro para vê-lo saindo pelos fundos do palácio da alvorada num helicóptero, mas ainda assim, de cabeça erguida. Estava fora o caçador de marajás, ele mesmo um dos grandes, que havia oferecido festas nababescas para os seus amigos nas dependências dos palácios de Brasília. Livrávamos naquele instante, de um grande gênio do mal, odiado por todo o povo Brasileiro.

Depois surgiu em cena, um professor. Veio da Sourbone, todo falante, dizia saber muito; Que sabia tirar o país da situação em que se encontrava. O povo Brasileiro, ingênuo, acreditou nos planos mirabolantes desse professor. Só que o professor gostava mesmo era de viajar. Alguns apelidaram-no de Viajando Henrique Cardoso. Este lutou também contra o nosso Lula nas eleições. Assistimos pela TV como desde os anos 80, o Lula mais uma vez disputando, agora bem mais velho, tentando se eleger contra uma "elite podre" que muito dinheiro possuía e que eram "amparados pelas oligarquias de São Paulo" - é o que se dizia. Enquanto isso os trabalhadores faziam piquetes nas portas das fábricas, ostentavam bandeiras vermelhas, gritávamos palavras de órdem, alguns davam seu sangue ( literalmente ), como o Chico Mendes para livrar o País do clima de injustiça e submissão que reinava. Mais uma vez, o mêdo havia vencido a esperança! - "A esperança equilibrista" - na ânsia de que um dia poderíamos ficar livres de vez das muitas mazelas de nosso país. Nossa esperança nessa época, eram os partidos de esquerda, como o PT, o PDT de Leonel Brizola, que era um caudilho, mas que falava com propriedade. Dizia Brizola: "O primeiro ato do meu governo, no dia primeiro, na primeira hora de mandato, é assinar um decreto quebrando o monopólio da Rede Globo de Televisão", empresa criada nos anos 60, com apoio do grupo americano Time/Life e que se prestou a ser o Jornal da Ditadura, mas que após a transição para os governos civis, passou para o outro lado, estando sempre do lado do poder e do dinheiro.

Enfim, o homem da Sourbone e do Neo-Liberalismo, criou coisas aparentemente boas, inventou um tal "Plano Real" que a princípio foi bom, mas depois se mostrou desastroso para o nosso país. Inúmeros escândalos explodiam, e ao final, o Brasil estava pior do que antes, à beira do Caos em todos os sentidos.

Novamente, e imbuídos do mais puro sentimento de patriotismo, voltamos às velhas barricadas daqueles tempos imemoriais, quando em cada eleição, procurávamos trazer aquele que esteve conosco desde os anos 80, falando em todos os meios de comunicação que um governo do PT seria incrivelmente diferente dos anteriores. O nosso "Lulinha" agora estva mais "Paz e Amor". Aquela prepotência, a Arrogância tão características suas, haviam passado, e de cabelo arrumado e paletó engomadinho, se adaptava mais ao perfil que a mídia moderna exigia para uma campanha que pudesse dar certo.

Era talvez a chance de "passar o Brasil a limpo", de ver "se a esperança vencia o medo", de acreditar que pudéssemos nos livrar de toda a roubalheira que sabíamos existir na era FHC de privatizações, que era denunciada pelo Lula e pelos partidos de esquerda.

Vieram as eleições. E novamente, fomos às ruas. Muitos de nós organizaram verdadeiros comitês pela internet, - tempos modernos -, refutando todas as acusações contra nosso líder maior e barbudo. Tínhamos agora acesas em nosso peito aquele restinho de esperanças de ver um Brasil mudado, de ver que num governo de esquerda, não haveria corrupção, pois passamos 20 anos a esperar por esses tais dias.

Eleições concretizadas. Qual não foi a surprêsa para todos os Brasileiros, ao ver que finalmente "A esperança havia vencido o Medo". Lula havia ganho as eleições. Nossos corações vibravam. Éramos um povo feliz. Poderíamos enfim, testar os conceitos daqueles que sempre haviam sido a pedra da vidraça por 25 anos. Poderíamos enfim, por em prática os planos de socialização. A luta pela moralização do país, a luta contra toda a corrupção que existia...mas...


Infelizmente, para nossa imensa decepção enquanto brasileiros, mais uma vez, os nossos guardiães da moralidade, aqueles a quem demos as nossas forças, o nosso suor, o nosso sangue, nos traiu escandalosamente. Começaram a aparecer dados muito concretos de escândalos absurdos, como o Caso Celso Daniel, Escândalo dos Grampos Contra Políticos da Bahia, Operação Anaconda, Escândalo dos Bingos, Expulsão de Políticos do PT, Uso dos Ministros dos Assessores em Campanha Eleitoral de 2004, irregularidades na Bolsa-Escola, Escândalo de Cartões de Crédito Corporativos da Presidência, Escândalo dos Correios, Escândalo da Usina de Itaipu, Caso Daniel Dantas, Escândalo do Mensalão, Escândalo da Quebra do Sigilo Bancário do Caseiro Francenildo, escândalos de corrupção envolvendo ministros no Governo Lula, e muitos e muitos outros. Eram tantos escândalos e até essa data, que são difícieis de enumerar.

Ao ver tudo isso em retrospectiva, vi que fomos enganados por mais de 25 anos acreditando numa lenda. Vi no poder, pessoas em que eu acreditei como sendo os maiores guardiães de um Brasil livre de corrupção cometendo crimes graves contra a nação e ficando na Impunidade. Vi gente como Zé Dirceu acusado de fazer grandes trambiques na sala ao lado do Cacique maior, vi gente como Delúbio na CPI do mensalão mentindo descaradamente, babando e sorrindo, porque sabia que dali sairia uma bela Pizza. Vi Marcos valério e vi muitos outros. Vi gente transportando dólares em Malas e Cuecas. E senti-me triste como brasileiro. Como todos nós que depositamos a esperança num quadro de ética e de moral que era apenas fumaça, mais um engodo para levar gente mesquinha ao poder.

E compreendi que fomos usados e violados no mais profundo senso da vileza humana e deprimente, que é usar-se da boa fé de um povo. Não com meras promessas de uma campanha passageira, como os outros fizeram, mas enganados por um plano ardiloso que já durava 25 anos, sempre nos apresentado como o supra-sumo dos tempos modernos, de um futuro deslumbrante que poderia se descortinar, se colocássemos os partidos de esquerda no poder.

Em nenhum momento deixamos de saber que nos governos anteriores existiu corrupção. Nunca negamos como brasileiros, que essa era a verdade. Nunca deixamos de saber que FHC, Sarney, Collor, Maluf, ACM, não eram homens de todo corretos. Haviam falhas enormes em todos eles. E por essa exata razão é que pensávamos que se elegêssemos aquele que se portou de guardião dos bons princípios que devem nortear a democracia com suas grandes virtudes, pudéssemos reverter todo esse quadro de verdadeira bandalheira que existia e que existe no Brasil.


Mas estávamos errados. Quão profundamente errados! Votamos nos partidos de esquerda como uma espécie de tábua de salvação, de último recurso ao Brasil, e o que ganhamos ? Recebemos o troco pela nossa grande ingenuidade. Estupraram a consciência dos brasileiros com inúmeros escândalos, mais corrupção, e agora mesmo, de forma escancarada. Nem é preciso mais esconder os crimes. Não se precisa nem mais negar. Os homens do poder, podem fazer o que bem quiserem e sair pela porta da frente, sem o menor temor. Negam-se até a depor. Conseguem documentos para isso. Temos um Congresso comprado, loteado, corrupto, que segue as leis de mercado daqueles que pagam mais. Não todos os congressistas, felizmente. Mas as manchetes pipocam todos os dias em TODOS os Jornais do país.

A "esperança equilibrista" que sonhamos para o nosso país, o conjunto de grandes valores morais e éticos ensinados por nossos pais, mais uma vez foram esquecidos. Elegemos aqueles que nos traíram não por uma mera eleição, não por um mandato apenas, mas por toda uma vida. Tiraram dos nossos olhos o brilho da nova esperança para o Brasil. Arrancaram de nossos corações o desejo de lutar e de ainda acreditar que possam existir ainda nesse país homens de boa vontade ( mas sabemos que existem ). Enfim, soterraram sob uma pilha de escombros, os nossos mais sublimes sonhos. Os sonhos de todo um povo de ver gente feliz e soberana, de ver nossas crianças acreditando que nossos ideais de esperança, de honestidade, de educação,, de cultura, e de todas as outras virtudes, seguirão adiante com um futuro certo e de gente limpa. Mancharam e tripudiaram da nossa alma de povo altivo. Cuspiram na nossa honra verde-amarela. Rasgaram a nossa bandeira de luta em troco de mensalões e mensalinhos.


Em que pode o povo Brasileiro HOJE acreditar ?

Em qual político dessa imensa balbúrdia, todos conluiados se pode crer ?
Quando se reuniram num mesmo caldeirão aqueles que passamos a vida lutando contra, tais como Sarney, Collor, Renan, e outros e outros mais... Estão todos aí, estão todos numa boa, estão todos usufruindo do calor da fogueira dos nossos sonhos, do nosso suor, do nosso sangue, e da nossa esperança, que nunca foi de fato concretizada, e que mais uma vez nos trouxe do abismo, aquele que sempre foi de fato o nosso único e eterno "companheiro":



O MEDO !

Todos os Atores desse imenso Circo Reunidos:




"Ri! Coração, Tristíssimo palhaço..."

Por: Dihelson mendonça

Eu Vi Fortaleza - Ensaio Fotográfico


Atenção: É expressamente proibida a reprodução, utilização do material abaixo sem autorização expressa do autor.


Clique nas fotos para ampliar:



















Fotos: Dihelson Mendonça