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sexta-feira, agosto 28, 2009

Princípio da Incerteza



Princípio da Incerteza
( Dedicado a Goethe, pelo aniversário de seu nascimento )

De que adianta toda a criatividade à cobertura de um pão que já não contém o miolo ?
De que adianta toda a ética da retórica, se a ação resultante é nula e impotente ante a vastidão do universo? Vã é toda fé do espírito que não se baseia em uma profunda incerteza e dúvidas ante todas as coisas, assim como é preciso ser profundamente fervoroso para se tornar um cético ou um cínico.

...mas assim é o mundo tal qual o conhecemos; Viver por entre abismos fugazes de incertezas, em clarões de memória e esquecimento, onde nada é firme, nada é permanentemente acessível todo o tempo, e tudo é tão assaz corruptível. É da incerteza que vivemos! Não de méritos da alma nem do corpo. E pomos as cinzas arrogantes da consciência de todas as virtudes e do que poderia ser a nossa existência nesses breves lampejos de "insight" e "verdade", buscando como cegos buscariam, vagalumes em noites sem lua em um planeta desabitado.

Melhor seria pois, viver na escuridão de um esquecimento, sem vagalumes, sem luas, ou vagando em círculos pela eternidade, eis que breve é o tempo, fugaz é a lembrança e pálidas são todas as virtudes humanas! Mas quem assim o realiza ? Quantos de nós? Ahh... Perfeita é a ventura de viver sem temer aquilo que fingimos não ser, a fim de nos tornarmos aquilo que verdadeiramente já o somos de fato. E o resto ? O resto são apenas cinzas lançadas no vendaval do tempo e da história !

Dihelson Mendonça

Um comentário:

Gabi disse...

È isso mesmo. A beleza do sofrimento é igual e sublime como do prazer, viver é encontrar os dois em cada detalhe de nos mesmos com o que temos com que a nossa natureza nos deu e conseguir nos equilibrar mesmo somente por alguns instantes entre os dois, sobre um filo invisível a perfeição de um horizonte.