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quarta-feira, outubro 19, 2011

Time is of the Essence - Por: Dihelson Mendonça

Sinceramente, amigos...

Passei da fase de discutir. Dos meus 30 aos 40 anos fui uma pessoa que adorava uma discussão. Era idealista, sonhador, esquerdista, ateu, graças a Deus, e vibrava quando alguém me confrontasse para poder atirar com meu arsenal de idéias. O Blog do Crato no início, chegou a ser uma arena para aqueles que a exemplo de mim, também gostavam de debates e embates.

Tivemos brigas homéricas, discussões intermináveis, onde cada um se utilizava de uma gama de argumentos, muitas vezes válidos até, para provar a superioridade da sua idéia sobre a do colega. E sempre ao final, todos saíam da mesma forma que começaram, porém desgastados, agarrando-se com mais frenesi à aquilo que já acreditavam. Compreendi que a discussão tem apenas uma consequência: ela leva os contendores a crer que o outro tem a mente fechada. E fim de papo!

Vejo hoje que tudo isso é a maior das inutilidades. Diminuí drasticamente as discussões com as pessoas. Passei a ver o mundo de outras formas. Aprendi que é mais importante criar, do que comentar. É melhor produzir algo próprio, do que assimilar o que outros disseram ou fizeram. Pra mim hoje, o tempo é essencial e é impagável dar as costas ao mau gosto generalizado na sociedade, à tantas pessoas ridículas que poluem as redes sociais, às picuinhas políticas, aos egos inflamados dos que escrevem longas crônicas difícieis, na intenção de serem pavoneados pelos seus costumeiros bajuladores, daqueles que se esforçam nos fóruns para discutir além da metafísica de Kant e de outros que passam o tempo a querer provar que a esquerda brasileira conseguiu trazer algo de bom ou de mal que ainda não conhecêssemos... na verdade, estou pouco me lixando a tudo que é efêmero.

No aconchego do meu quarto, percorro sem dar conta, de Platão a Kierkegaard, movido freneticamente às sonatas de Alexander Scriabin, Fauré, e tantos outros que me são caros, aonde encontro refúgio e inspiração para compor as minhas próprias obras musicais. Sigo hoje uma filosofia pessoal de que o grande homem deve criar. O homem comum, comenta os fatos do cotidiano e os discute com os tolos, e todos os outros apenas olham a vida passar, sem nada deixarem à posteridade. Creio que a obra deve sempre preceder o homem. E há a lei maior que rege o mundo: Quem pode, manda! Quem tem juízo, obedece...a discussão é inválida quando há forças superiores em jogo perante a realidade imediata.

Ah! agora vocês hão de me dar licença, pois há aqui enquanto escrevo este pequeno texto, um único filhote de gato me esperando para que eu prepare o seu leitinho, e eu não perderia esse momento de rara beleza por nada nesse mundo! O brilho que emana dos seus olhos, a sua carinha de felicidade ao receber o alimento daquele que lhe salvou a vida, de uma ninhada inteira que se perdeu, não há preço, não há calor de discussões, nem políticas, nem religiões, poderes ou coisa alguma que nesse momento, seja mais importante.

Viver é sempre tão belo e simples!
Pena que custamos uma vida inteira para aprender uma única lição.

Por: Dihelson Mendonça

Um comentário:

elmano rodrigues pinheiro disse...

Bonito, Dihelson.
Temos no interior tantas coisas belas, por que se agarrar em inutilidades.Cada minuto da nossa vida, tem que ser gasto com algo que signifique crescimento, o resto é derrapagem.