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terça-feira, julho 28, 2009

"Não é porque Deus quis assim" - A origem e dinamismo da indústria Pornográfica Radiofônica


O Chiqueiro que os criadores constróem para a População



Dêm-lhes caviar e comerão caviar.
Dêm-lhes merda e comerão merda.
A questão é quem os está alimentando e qual o propósito.


Lendo os jornais e páginas da internet por esses dias, não se pode desprezar um tema que vez por outra vem à baila, e que agora obtém status de verdadeira campanha nas ruas. Cansados da mesmice musical das estações de rádio, onde impera a ditadura do forró eletrônico, em suas letras pornográficas, diversas cabeças pensantes começam a se manifestar e organizar-se em forma de movimentos coletivos e de luta pela democratização da mídia. Assim é que recentemente, vários grupos, dentre eles o grupo cratense intitulado "Coletivo Camaradas" aliado a outros, intelectuais, artistas e pessoas em geral de grande prestígio, começam a levar a sério essa questão, promovendo reuniões, inclusive na câmara de vereadores do Crato. O movimento se agiganta a cada reunião. Presumivelmente também, porque grande parte da população é contrária a tudo isso que a mídia lhes impõe como modelo a ser seguido.

Contrariamente ao que muitos podem pensar, o que se tem denominado de "A FARRA DA VIOLÊNCIA", ou nas palavras de alguns: "O longo caminho de perda de identidade do povo", que se consome em meio à pornografia musical do forró eletrônico e da banalidade, não é um fenômeno passivo, aleatório. Não é de forma alguma porque "Deus quis assim", como alguns poderiam até pensar. Pelo contrário, é um processo direcionado, controlado, premeditado, resultado de uma INDÚSTRIA de massificação e alienação cultural movida por grandes interesses financeiros , e que usa a mídia radiofônica como instrumento diário de trabalho e meio de promover e manter uma lavagem cerebral a nível da coletividade. Ao longo dos anos, comerciantes impõe o que a população deve engolir como se fora o sucesso da vez, e a massa vai obtendo dos meios de comunicação os parâmetros para analisar o que é bom ou ruim. "O que é bom está na Globo" já dizia o jargão...

A Mídia, ( Faustão por exemplo ), manipuladoramente diz:

"E agora, o último sucesso da banda Aviões do Forró"

Veja que, uma música INÉDITA é lançada na mídia como "O Sucesso". Antigamente, o sucesso era uma meta do artista ou da gravadora, era alcançado por vendagem. Existia até um programa de TV chamado GLOBO DE OURO, que semanalmente colocava as 10 mais vendidas da semana. Hoje o sucesso é imposto, a mídia lança o sucesso, como os produtores de moda lançam a moda. Lança-se a dança para este verão. A dança da galinha, a dança do peru, a dança do viado, a dança do... Todos terão que seguir, para não fazer feio junto aos colegas, e muitos confessam nas lojas de discos, que compram aqueles CDs de forró nao porque gostam de forró, mas porque "é o que os colegas estão ouvindo", até para não ficar deslocado. O ser humano necessita do sentimento de "PERTENCER", da mesma forma que muitos que vão para shows de bandas de forró dizem até não apreciar muito, preferiam até outra opção mas:

"Isso é o que tem..."
"a gente precisa sair de casa pra alguma coisa...é o que há"
"o som do momento"

Entao vê-se que há alguma coisa muito errada aí. As pessoas estão como PORCOS, comendo aquilo que um criador lhes joga diariamente. Se jogassem "caviar" eles comeriam, se jogassem merda, da mesma forma. A IRRADIADORA ( a mídia ), trabalha dia e noite a cabeça das pessoas criando o Sucesso, que é agora por imposição, não por mérito, e dita todas as normas.

Por outro lado, não se pode gostar do que não se conhece. Só se concebe a formação de platéia, no momento em que se mostram outras opções para as pessoas. Se alguém passou a vida inteira ouvindo um certo tipo de música, esta pessoa certamente que achará horrível todas as outras coisas que não se pareçam com o que ela conhece. É o que se chama de processo de aculturação. Por isso é que há essa reivindicação pela democratização dos meios de comunicação. Ali é que está precisamente o PILAR maior de sustentação de toda essa estrutura perversa da mediocridade.

E acreditem:
Não é um fenômeno "dos tempos", é uma estrutura cuidadosamente planejada por grandes empresários no sentido da manipulação das massas para obtenção de lucros. Outro dia a TV estava prestando homenagens àquele Senhor que promoveu toda essa indústria no Ceará, quando criou as primeiras bandas de forró eletrônico e hoje possui um verdadeiro império do forró. Ao meu ver, ele não deve ser homenageado. É um grande erro manipular a consciência das pessoas. É um indivíduo NOCIVO ao bem-estar da sociedade, que deveria ser punido por construir uma estrutura perversa na mídia que através de dinheiro, comprou praticamente todos os espaços no rádio e um canal de satélite para monopolizar tudo isso que está aí. As estações de rádio do Cariri, a título de curiosidade, deixam de gerar grande parte da programação local, e entregam a maior parte do seu tempo para "o satélite", que manda o que mais LHE convier. Como se dá nome a isso ?
Eu chamaria de A Ditadura da Mídia.

Esse homem é uma espécie de Ditador, não precisa que eu veicule o nome dele para que todos saibam de quem estou falando. Ele deveria ser responsabilizado pela indústria pornográfica radiofônica que está mantendo, o império da bestialidade, da exaltação das piores qualidades humanas. Ele comanda a maioria dessas bandas.

Por isso repito, esse fenômeno que ora atravessamos na música veiculada no rádio, da inversão de valores, da apologia ao alcoolismo, à violência, à infidelidade conjugal, à desagregação familiar, exaltação ao "ser perdido" em todos os sentidos, não é um fenômeno passivo, do acaso, é antes, fruto de mentes perversas que com sua ganância, destroem lares, e rebaixam o papel da mulher na sociedade. É um processo ativo e dinâmico, e possui um autor poderoso, com toda a permissividade e cumplicidade de altas esferas que nunca pararam para se questionar como um só homem construiu todo um Império baseado na Mediocridade, na Manipulação, Massificação e na Bestialidade representadas pelas bandas de Forró Eletrônico.


Por: Dihelson Mendonça

Um comentário:

Antonio Sávio disse...

Olá Dihelson. Gostaria primeiramente agradecer seu comentário em meu blog. É bom saber que tenha alguém lendo meus escritos e ainda mais que tenha gostado do que lê. Por acaso estou preparando uma apostila para um curso de introdução à filosofia que vou ministrar e a abordagem inicial será sobre o estado de nossa cultura. Essas mazelas atingem tanto o nível mais popular até os pretenciosos "acadêmicos". Por acaso acabei achando seu texto no google e desde já o convido para uma aula inicial que teremos esses dias. Assim que tiver uma data definida lhe direi. Gostaria de sua participação para que pudesse dar uma idéia no nível de deterioração cultural que estamos e como isso se personifica na sociedade. Será um prazer tê-lo conosco. Um abraço meu amigo e parabéns por seu eterno esforço em limpar ou pelo menos minimizar esse estado imundo em que vivemos. Por aqui vou tentar fazer minha parte também com este humilde curso que pretende debruçar um olhar mais atento sobre o meio acadêmico.