Deus, em sua imensa generosidade me concedeu um privilégio de ser quase qualquer coisa que tenha me proposto a realizar durante a minha parca vida na terra, seja informática, línguas, fotografia, poesia, mas especialmente Música, aquilo que realmente nasci para fazer. Sou muito grato pelos talentos recebidos. Enquanto preparo o meu concerto do próximo sábado, dia 30, varando madrugadas em concentração absoluta, tocando, escolhendo, compondo arranjos, ouvindo Scriabin, Liszt, Schumann e outros, é que vejo o quanto tempo perdi na vida, por não haver me dedicado a exercer melhor e aprofundar meu dom musical como deveria.
É verdade que estudo constantemente, e toquei com alguns dos maiores músicos da minha geração, e minha reputação musical é das melhores, mas para um coração igual ao meu isso não é suficiente... Hoje ouvindo o "Carnaval" de Schumann, peça que conheço desde a adolescência ( hoje com 44 anos ), vejo que eu poderia ter composto coisas grandiosas. Compus minha primeira peça aos 14 anos, um Choro ao estilo de Ernesto Nazareth, que posteriormente dediquei à minha professora Diana Pierre. Ainda adolescente, queria compor alguns concertos para piano e orquestra bem ao estilo de Chopin, mas os muitos afazeres, a eterna inércia e as paixões mundadas sempre me afastaram de trabalhos mais árduos. Em música séria, é preciso muita determinação, muita transpiração, renegar o mundo em volta, e eu nunca fui muito afeito a essa espécie de eremita musical e a trabalhos extensos. Tenho feito coisas incrivelmente difícieis, desde que não me ocupem muito tempo. Coisas demoradas me entediam.
De lá para cá tenho me dedicado a inúmeras coisas, concertos, shows, e somente em 2003 retornei às composições, neste ano, compondo mais de 100 peças, e parei porque havia tanto som na minha cabeça que eu não estava dando conta em passar mais para o papel.
Hoje vejo que o caminho da reclusão do mundo, e dedicação total à composição como fizeram Rachmaninov, Prokofiev, Chopin e outros, era o caminho certo a seguir, se houvesse determinação, mas dediquei muito tempo a coisas que nunca me renderam senão aborrecimentos, como o Blog do Crato e outros projetos sociais de internet. É bom quando podemos fazer algo também pela comunidade e ser reconhecido por isso, mas Eu não sou reconhecido pela extrema dedicação que tenho me doado em tentar integrar as cidades do Cariri pela Rede Blogs do Cariri, e passar 5 anos de noites e noites acordado escrevendo notícias quando poderia dar talvez melhor contribuição ao mundo através da música.
Talvez soe meio estranho esse desabafo no meio da noite, especialmente aqui, ouvindo os Prelúdios de Scriabin, quando poderia ter continuado escrevendo os meus próprios, afinal de contas, há um ditado que diz que se queremos plantar coisas para a eternidade, plantemos idéias.
Hoje espero apenas viver o suficiente para materializar ainda o muito que tenho em música da cabeça para o papel e para o piano, que assim como Chopin, é meu outro Eu. Que Deus me dê forças para me tornar um monge da música, longe dos olhos do mundo, aquele eremita que recusei ser na juventude, e mais perto da verdade, que são apenas os sons. Viva Scriabin! Viva Chopin! Viva todos os meus grandes e verdadeiros amigos da Música.
Dihelson Mendonça
Foto Ilustrativa: Alexander Scriabin
2 comentários:
Dihelson. Desde já parabéns pela reflexão que fizeste. Apesar de ser mais jovem que você sinto-me na mesma situação angustiosa em relação a minha pintura. Poderia e deveria dedicar-me mais. Sabemos que que está de fora sempre virá com elogios que, se aceitos de modo errado, nos deviarão do caminho certo e nos guiarão para a vaidade. Hoje vivo neste mesmo conflito, querendo voltar a dedicar-me ao estudo dos grandes, farejando cada linha de um Michellangelo, Da Vice, Caravaggio, Rembrandt etc., mas a preocupação e manter-se economiacamente me põe muitas vezes freios irremediáveis. Mas...mudando de assunto (mas nem tanto). Gostaria de ter um pequeno encontro entre você e meus alunos do 1º ano do colégio Santo Antonio de Barbalha, pois estou trabalhando estática por um olhar filosófico com eles. Caso possa gostaria de marcar um aulão para discutirmos arte, seja na música, pintura, poesia, de modo mais profundo com eles. Aguardo sua resposta.
Savio, não conheci o seu trabalho mas sempre teve vontade, lembra? Perguntei varias vezes e vc sempre me diz que não tinha para mostrar, uma pena.
Penso que nada é fácil de conseguir e que as possibilidades são infinitas
para alcançar as metas,uma tristeza é a renúncia da verdadeira felicidade e de conseqüência da vida, da saúde, coisas que dependem estritamente da satisfação das realização do talentos que Deus nos deu, as vezes nos deixamos influenciar por a educação ou a sociedade, nada de mais errado a meu ver, a sociedade nunca foi sincera.
E o tempo passa rápido demais para esperar uma sua exposição de sucesso ao som maravilhoso do piano de Dih Jazz.
Bijo rapazes,
Gabí
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