UM POETA DIAZEPÍNICO
( Dedicado a José do Vale )
Sou o poeta mais diazepínico que conheço
Meu lexotan vem antes do muro de berlim
e todo mês em fila eterna eu permaneço
buscando um papel azul a prorrogar meu fim
Já nem sei mais quem mais escreve,
se eu mesmo ou o Bromazepam na veia
na calma dos eucaliptos uma semibreve
é a mais rápida aranha a tecer sua teia
Mas sei que não sou ainda um viciado
decerto, do mal liberto-me preciso
em que assim o desejar, hei declarado
Em correntes infernais, como a um louco
prenderam-me a um arcabouço de um sorriso
Para que em pequenas doses, morra pouco a pouco!
Dihelson Mendonça
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