Considerações a propósito do álbum “A Busca da Perfeição”, de Dihelson Mendonça.
Dizer que a vida se mostra na arte representa contar da força do artista a movimentar lá fora a paixão que lhe corre nas veias e sai intensa pelas estradas dos lugares, no prumo dos outros seres, ânsia infinita de realizar o poder esplendoroso do mais perfeito de dentro de si nas praças. Expandir o senso da luz nos outros corações. Partilhar as maravilhas do instante em gestos circunstanciosos, magnânimos. Lembrar aos demais que há vertentes puras ainda inexploradas no mistério do existir da alma de cada gente. Vem nestas expressões o gosto da fala no trabalho posto a lume pelo artista caririense Dihelson Mendonça, seteinstrumentista que, assim, lavra mais um tento da história regional de trabalhos esmerados, nos moldes da contemporânea tecnologia de som e imagem, edição correta da Expressão Gráfica, de Fortaleza, em alto padrão, reunindo nomes festejados das comunicações, letras e artes visuais deste tempo de agora.
Trata-se de bloco de poesias declamadas por vozes conhecidas, próprias, coloquiais, seguidas ao piano por Dihelson e outros músicos, num livro ilustrado com belas fotografias e letras intercaladas, poemas de cunho intimista, de autores inspirados na propulsão dos acordes.
Qual espetáculo que agrega, em amostra saborosa, o universo dos artistas numa proposta efetiva, na boa hora de suas caminhadas em demanda do endereço da eterna Perfeição, o Santo Graal do absoluto desejo, acercando-se do trato de amigos e peças, colhidos ao sabor das situações de procura, brotadas no enorme quebra-cabeça da existência pelos páramos da invenção de letras e acordes de natureza especial. Nisso, Dihelson contou de perto com os préstimos bem sucedidos de Reginaldo Farias, no projeto gráfico, e Pachelly Jamacaru, na elaboração fotográfica. Na trilha sonora, os instrumentistas somam talentos e estabelecem as linhas infinitas da busca, caravana que se desloca ao ritmo dessa viagem através do território mágico da criação, de cores e tons, nave a fluir na brisa dos espaços do sonho. Espécie de novidade que alegra ao chegar em cada porto. A qualidade do produto merece destaque, vista a clareza visual, musical e literária.
Nosso mundo interiorano do sertão guarda, por tudo isso, patrimônio inestimável de cultura digno de abordagem mais justa, considerada nos trabalhos do campo acadêmico, enfoque de nomes e ocasiões que aqui nascem, crescem, manifestam seus atributos, marcando o definitivo do manancial de vitalidade que alimenta o panorama do global patrimônio comum da espécie humana. Eis disso um novo exemplo neste livro musical poético. O patrocínio da obra coube ao Centro Cultural Banco do Nordeste, dentro de sua política de valorizar a cultura e desvendar possibilidades.
Postado por Emerson Monteiro
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