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sexta-feira, agosto 28, 2009

PESARES - Dihelson Mendonça



PESARES

( Dedicado a meu amigo e poeta Antonio Sávio )

Apesar de tudo, dos sentidos que aguçamos
como o limar de uma grande rocha sem fim
permanece inda o opaco brilho sobre os olhos
cravados em nuvens e paisagens dentro de mim

Sobre a gleba insana rastejam as borboletas
de vaidade pura nas asas,- pobres delírantes -
voam também por sobre as nuvens, elefantes
...pois nada mudou, nem manterão tais silhuetas

Não ao mesmo sol a vazar sobre as arestas
das frestas podres e de fendas à minha porta
corta a faca, corta o tédio, corta a testa
corta a planície, cortam serras sotopostas

Viver das migalhas de uma realidade
que ora me escapa por entre os dedos rotos
rastejar-me de medo, - infelicidade -
carregado de segredos em mundo ignoto

Da plenitude bela de uma vida instante
à abjeta dualidade residente dentro de mim
passam-se os dias, passam-se os meses, passam-se os anos
em mares de tristeza eterna... e que já não têm mais fim!


Dihelson Mendonça

( basedo no poema Pesares de Antonio Sávio ).

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