Pelos Teus Olhos
Dedicada a meu pai Damião Sousa
duas, senão uma verdade se me antolha,
lágrima que brilha e rebrilha, mas que não molha,
rolando nas faces, pelo negro tom dos teus olhinhos.
Neles pairaram sempre a singela beleza,
do olhar meigo com que sempre me olhaste,
olhos de um olhar sereno, tu que me criaste,
que me ensinaram a ver o mundo e a sua grandeza.
Olhos que eu vi cerrados um dia,
pelo negro tom das horas de canseira
olhinhos tristes e fixos no teto, de agonia,
a olhar talvez a hora derradeira...
Santificados sejam pois os teus olhinhos
meu pai, um dia olhei os teus olhos e o amei,
já havia encontrado, pois o cisco,
mas, mesmo assim, a continuar olhando, não parei.
Nunca houvera olhado assim os olhos de meu pai,
era como se estivesse adivinhando
que a sua e a minha hora estava chegando,
chegando a hora dos "infinitos ais"...
Mas, Deus, hoje, o tem na sua bondade
e os teus olhos hão de me guiar no escuro
e em qualquer lugar em que eu ande ou nade,
no naufragar da vida, me levarás a lugar seguro.
Pai, perdoa-me as minhas ofensas,
e bendita seja a tua virtude
és de Deus o veículo, és a crença,
és "Mártir" na paixão e na inquietude !
Pelo negro tom dos teus olhinhos enxergo,
o mundo qual tu me ensinaste,
enquanto tu navegas altivo pela eternidade,
enquanto carrego a cruz que ora carrego.
Pelo negro tom dos teus olhinhos enxergo
os meus olhos, que o negro tom tambem me deste
negro tom, reluzente, e de um espesso véu,
Pelo negro tom dos teus olhinhos enxergo
a tua alma pura, a tua alma sublime
Paizinho nosso,... e que estás no céu !
Dihelson Mendonça -- 06/11/96
Este trabalho é dedicado a meu saudoso pai,
meu primeiro mestre. (1942-1995)
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