LEMBRANÇA IMORTAL
O ar tao docemente trouxe o aroma
De outras eras passadas
À sombra frágil dos eucaliptos
Rasgou assim a minha consciência
E brilhou na claridade da minha juventude!
Sons longínquos de uma era distante,
O cheiro da fumaça de madeira,
O frescor da tarde, a liberdade imensa,
E a paz celestial da minha rua...
Meu pai sentado a ler numa cadeira,
Minha mãe a coser cantarolando em plena sala,
Gatos dormiam, cansados da noite insone estrebuchados
E ao longe se viam nuvens talentosas a esculpir o céu.
A brisa de junho causava um frio temporário
E eu via algum transeunte a passar na rua
Talvez um estudante rumo à escola
Talvez um velho, (meu reflexo) a ruminar os anos vencidos.
As montanhas guerreavam pela exuberância da beleza.
E a flora rejuvenescia a cada chuva,
A vida era doce, minha Mãe um anjo,
E nesta época Eu era imortal !
Para onde foi a minha graça?
Que fizeram da minha mocidade?
Em que página de um livro escondi a minha vida?
Talvez as pedras o saibam,
Talvez as nuvens a tenham tecido
Na imensidão do céu...
E quem sabe, o sonho acordado de uma vida assim
Talvez nunca tenha sido por mim sonhado...
Dihelson Mendonça - 2003
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