Dihelson José Mendonça Sousa ( Crato - CE, 15 de agosto de 1966 ) é pianista, arranjador, compositor, fotógrafo, cronista e jornalista Brasileiro. Estudou piano clássico com a professora Diana Pierre, na SCAC ( Sociedade de Cultura Artística do Crato ) durante 3 anos, a partir de 1979, quando decidiu tornar-se um músico de Jazz. Tornou-se autodidata. Dihelson Mendonça é um dos grandes nomes da música instrumental Brasileira, com um CD autoral gravado, intitulado “A busca da Perfeição”, patrocinado pelo Banco do Nordeste do Brasil, e durante sua carreira musical, tendo tocado ao lado de grandes nomes da música, tais como: Hermeto Pascoal, Gilson Peranzzetta, Mauro Senise, Arismar do Espírito Santo, Toninho Horta, Vinícius Dorin ( Saxofonista que tocou no grupo do Hermeto Pascoal ), Lia Chaves ( cantora ), Fátima Santos ( cantora ), Cleivan Paiva ( guitarrista ), dentre outros. Durante sua carreira musical, recebeu diversas premiações.
Biografia
Infância e Educação
Dihelson Mendonça nasceu na cidade de Crato, que era a cidade pólo da região do Cariri cearense, em 15 de agosto de 1966. Seus pais, Damião Pereira de Sousa, e sua mãe, Maria Haydeé Sousa, eram pertencentes à famílias da zona rural da cidade de Farias Brito, e ambas as famílias possuíam parentes que tinham inclinação musical, e tocavam instrumentos de forma amadora, tendo estes, fornecidos os primeiros contatos de Dihelson para com a música e o estudo musical. Seus pais, de origem humilde, após casarem-se, foram residir na sede da cidade de Farias Brito, onde se dedicaram à contabilidade pública, com sua mãe tendo trabalhado por cerca de 30 anos como a contadora da prefeitura da cidade, enquanto seu pai, antes do seu nascimento, tentou a sorte na cidade de São Paulo, porém, retornando à Farias Brito em 1965, onde continuou estudando e exercendo a contabilidade pública e comercial.
Devido à constante escassez de trabalhos, o seu pai Damião Sousa arrastou sua família para diferentes cidades, tendo ido passar o ano de 1974 em Fortaleza, e de 1975 a 1977 em São Paulo. Foi através dessas constantes mudanças de cidade, que Dihelson Mendonça teve contato com diversas culturas na sua infância, e desde cedo, despertou sua afinidade e paixão pela música, escutando assiduamente, os programas das estações de rádio de São Paulo, como a rádio Eldorado FM, que possuía na época um programa chamado concertos vespertinos, dentre outros.
Estudos
Em 1979, já então, com 13 anos, e com a família estabelecida definitivamente em Crato, interessou-se cada vez mais pelo estudo musical de forma séria, e o seu pai, trabalhando na prefeitura de Crato, conseguiu através da amiga Lúcia Primo de Carvalho, uma bolsa de estudos para o jovem Dihelson estudar violão na SCAC ( Sociedade de Cultura Artística do Crato ) entidade na época, dirigida pela maestrina Divani Cabral. Chegando lá para fazer a matrícula, Dihelson ouviu a sua futura professora Diana Pierre tocando o Noturno Op 9 # 2 de Chopin, e decidiu estudar piano, ao invés de continuar no violão.
Estudou na SCAC por 3 anos, ganhando sempre a primeira colocação nos recitais promovidos pela entidade, o que lhe garantia estudar gratuitamente durante o ano seguinte. Nesta época, apesar do estudo formal no Colégio Diocesano do Crato, Dihelson dedicava, às vezes, de 4 a 6 horas por dia ao estudo do piano. Por não ter piano em casa, ia frequentemente estudar nos pianos da escola, até que em 1981, seus pais, com muito esforço, lhe presentearam com um piano acústico Essenfelder.
Em 1982 conheceu e fez amizade com o compositor cratense Pachelly Jamacaru, irmão do também renomado cantor e compositor Abidoral Jamacaru. Desses encontros, surgiram os primeiros shows profissionais, e Dihelson passou a tocar e estudar também a Música Popular Brasileira. Ainda em 1982, descobriu por acaso, um disco de vinil do trio do pianista Canadense Oscar Peterson, enquanto fazia uma limpeza nos arquivos da escola, gravado pela Rádio Canadá Internacional, que o fez mudar de idéia mais uma vez, decidindo tornar-se um músico de Jazz.
Em 1983, prestou os exames do vestibular, aconselhado por seu pai, para a carreira de engenheiro eletrônico, e tirou o décimo lugar no vestibular da UFPB ( Na época, Universidade Federal da Paraíba ), para o campus II, de Campina Grande, onde passou a residir a partir de 1984.
Em Campina Grande
Em 1984 começou seus estudos na UFPB no curso de engenharia eletrônica, ramo do conhecimento, que também lhe atraía, já que desde cedo também possuía paixão por ciência e tecnologia. Em Campina Grande, conheceu o guitarrista Jocel Fechine de Párcio, que nessa época, dedicava-se integralmente ao estudo do Jazz, além do baixista Fernando Rangel, que era professor de música e ligado ao DART ( Departamento de Artes da UFPB ). Dessa união, surgiu um sexteto para tocar Jazz e Música Popular Brasileira instrumental, reunindo também os músicos: Giovani Leão, na bateria, Fernando ( trompetista ), e Sergio ( saxofonista ). Esse foi o primeiro grupo de Jazz que teve a participação de Dihelson Mendonça, e que lhe garantiu o acesso aos grandes standards do gênero, além de composições próprias. Em 1985 participou de um show no teatro municipal de Campina Grande, com a cantora Cida Lobo, e o guitarrista Jocel Fechine.
Em 1986, Dihelson teve um esgotamento nervoso e crises de ansiedade que o levaram diversas vezes ao atendimento de emergência de hospitais em Campina Grande. Estava cada vez mais dedicado à música, e sua dedicação à engenharia foi caindo gradativamente, até que por volta de 1987 resolveu abandonar o curso completamente, e retornar ao Crato.
De volta ao Crato, em 1987, começou a trabalhar como professor de piano na mesma escola onde havia estudado anos antes ( SCAC ), ainda dirigida por Divani Cabral, e tendo agora a sua antiga professora ( Diana Pierre ) como colega. A partir daí, dedicou-se ao estudo do Jazz e da composição de forma autodidata, já que não havia livros sobre o assunto disponíveis. O estudo se baseava na transcrição de solos e músicas de artistas do Jazz, como Count Basie, Bill Evans, Oscar Peterson, Chick Corea, dentre outros.
Em 1988 criou o “Cariri Samba-Jazz Quartet”, o primeiro grupo do Ceará dedicado inteiramente ao Jazz, contando com os músicos: Francinée Ulisses ( baixista ), Nivando Ulisses ( saxofonista ), Demontier Delamone ( Baterista ).
Em 1989, abriu um show dos músicos Gilson Peranzzetta e Mauro Senise, juntamente com o guitarrista Cleivan Paiva, em Fortaleza, que causou grande impressão, e a partir desse daí, recebeu convites para tocar com músicos locais, como o baterista Luizinho Duarte ( Que futuramente, criaria o grupo Marimbanda ), dentre outros. Dihelson mantinha-se constantemente dedicado à música durante, realizando gravações para campanhas políticas, e montando seu primeiro estúdio de gravações, em Crato, em 1988.
Em 1990, dirigiu e produziu o show “Edipianus”, da cantora Auci Ventura, e em 1991, dirigiu o show “Soy Loco por ti America Latina”, de Luiz Carlos Salatiel.
Em 1993 foi o diretor musical e arranjador do primeiro disco do cantor Cratense Pachelly Jamacaru, chamado “balaios da vida”. Dessa parceria, seguiram-se outras, gravando e dirigindo mais 2 outros álbuns do compositor. Entre 1993 e 1995, foi o diretor musical do CHAMA ( Chapada Musical do Araripe de MPB ), festival organizado pela prefeitura de Crato, que reuniu alguns dos maiores nomes da música cearense, e nele, teve o primeiro contato com o músico Hermeto Pascoal. De 1992 a 1995 tocou Música Popular Brasileira nos fins-de-semana, com a cantora Lia Chaves no bar e restaurante Choppana, em Crato, além de continuar seu trabalho musical em recepções e jantares.
Em 1993, criou o primeiro sistema de acesso à internet de Crato, através de sua própria BBS ( Boletim Board System, um sistema primitivo de comunicação digital, na época ), chamada de MegaStar BBS, que chegou a reunir mais de 200 usuários. Em 1995, após a trágica morte de seu pai, começou a viajar cada vez mais para Fortaleza, onde conheceu o médico e também músico, que seria seu parceiro em diversas composições, Haroldo Ribeiro.
Em 1997 esteve em Nova York com amigos, onde conheceu grandes nomes do Jazz, como o pianista McCoy Tyner, o saxofonista Joe Henderson, e o pianista Michel Camilo, além de visitar os lugares onde a história do Jazz se desenvolveu, como o Village Vanguard e o Blue Note, dentre outros.
Em 1998 tocou no show do músico Hermeto Pascoal, na ExpoCrato, festa tradicional da cidade, juntamente com Cleivan Paiva, Demontier Delamone e Francinée Ulisses. Ainda em 1998, conheceu o músico Arismar do Espírito Santo, em Fortaleza, que se tornaria uma grande referência em sua trajetória musical.
Em 1998, criou o primeiro website dedicado à cidade do Crato na internet, chamado de “O Crato virtual”, juntamente com a diagramadora Josane Garcia, Sérgio, e o memorialista Huberto Cabral.
De 1998 a 2003, viveu entre Crato e Fortaleza, tocando na noite, principalmente no bar “Caros Amigos”, no calçadão do Centro Cultural Dragão do Mar, e realizando inúmeras gravações, com diversos artistas, como a cantora Fátima Santos, o saxofonista Márcio Resende, o bandolinista Carlinhos Patriolino, o compositor Luciano Franco, e compôs diversas músicas com os parceiros Haroldo Ribeiro e Sílvia Bezzato.
Festival de Jazz & Blues de Guaramiranga
Em 2005, Dihelson Mendonça começou a se dedicar à fotografia, criação e edição de vídeos. Dirigiu um documentário sobre o cantor e compositor Abidoral Jamacaru. Em 2008, dirigiu e gravou mais um álbum do cantor Pachelly Jamacaru e foi contemplado pelo Banco do Nordeste do Brasil, que patrocinou seu primeiro CD autoral, intitulado “A busca da perfeição”, um trabalho multimídia que explora temas como a existência humana, as filosofias e a ciência, num livro que reúne poemas, arte visual, e música experimental. O trabalho teve a participação de mais de 50 artistas.
Em 2006, Dihelson Mendonça foi convidado pelo Centro Cultural Banco do Nordeste para participar das comemorações dos 250 anos do nascimento de Wolfgang Amadeus Mozart, tocando em Fortaleza, um concerto inteiramente dedicado ao compositor, onde apresentou peças originais, e seus próprios improvisos sobre a obra de Mozart. Também, entre 2000 e 2008 realizou diversos recitais eruditos executando ao piano, obras de Chopin, Mozart, Beethoven, e música Brasileira, em salas de concerto.
Entre 2010 e 2011, trabalhou como jornalista chefe da Assessoria de Imprensa da prefeitura de Crato, na gestão do então prefeito Samuel Araripe.
Em 2011 realizou um show pelo SESC, no projeto pôr-so-sol, em Crato, com composições de sua autoria, e standards do Jazz. O evento teve a participação de João Neto no contrabaixo, e Saul Brito na bateria, grupo que viria a realizar várias gravações posteriores, e se tornou seu principal trio.
De 2005 a 2021, Dihelson Mendonça trabalhou como jornalista e apresentador, mantendo um canal no youtube chamado “TV Chapada do Araripe”, para a divulgação de notícias da região do Cariri. Também, em 2005 criou o “Acervo Dihelson Mendonça”, que reúne até 2023, cerca de cem mil fotos e vídeos sobre pessoas, eventos e a paisagem da região do Cariri cearense, dedicadas à preservação em arquivo, para a posteridade.
Em 2019 casou-se com Francilânea Brito, que conheceu ainda na adolescência, tendo sido sua colega de classe.
2020 a 2023
Desde que voltou a residir em Crato, em 2003, Dihelson Mendonça começou a se dedicar profundamente ao estudo da filosofia, das ciências, tecnologia e da IA ( Inteligência Artificial ). Também desenvolveu projetos musicais que visam divulgar não só a sua própria música, bem como a de outros colegas, através das redes sociais e grupos, de tal forma, que de 2005 a 2020 manteve no ar uma web rádio dedicada aos compositores e artistas Brasileiros. Em recente entrevista concedida à Revista “A Província”, Dihelson mencionou que pretende lançar mais alguns álbuns autorais nas plataformas digitais de música, contendo uma boa parte do seu trabalho composicional.
Discografia
2008 - A busca da Perfeição - CD autoral
Como instrumentista e Diretor Musical
1994 - Balaios da Vida - Autor: Pachelly Jamacaru
2008 - Pachelly Jamacaru - Autor: Idem
Participações
2006 - Vôo dos Sons - Darwinson
2019 - Álbum Sonho ou Canção - ( na faixa “hora de sambar” - Luciano Franco e Dalwton Moura )
Referências
1 - Jornal Diário do Nordeste ( várias reportagens )
2 - Revista “A Província”
3 - Livro “Nos acordes do Jazz & Blues” - Memórias do Festival de Jazz e Blues de Guaramiranga
4 - Livro: Memórias de um Pianista de Jazz - Dihelson Mendonça